Saturday, August 23, 2008

Nutrição na operação bariátrica


Nutrição na Cirurgia Bariátrica

Também conhecida como cirurgia da obesidade, cirurgia para redução de peso, operação do estômago, gastroplastia a cirurgia bariátrica é realizada em pessoas com a chamada obesidade mórbida isto é indivíduos que tem 45 Kgs ou mais de sobrepeso ou tem um índice de massa corporal (IMC) igual a 40 ou maior ou igual ou maior que 35 caso tenha comorbidades associadoas à obesidade, como diabetes, hipertensão, dislepidemias.
A cirurgia bariátrica deve ser antecedida por reuniões com a equipe de profissionais responsável, bem como com pacientes já operados para ter certeza de sua decisão. Pela parte do nutricionista um trabalho preliminar na mudança de hábitos alimentares deve ser feito e um acompanhamento rígido é importante para o sucesso. Em todo o processo devemos lembrar ao paciente que a obesidade é um problema multifatorial que a cirurgia sozinha não poderá resolv-lar.
Após a cirurgia bariátrica, a nutrição tem um papel importante porque a quantidade e o tipo de alimentos a serem consumidos devem ser limitados. O objetivo do acompanhamento nutricional é buscar o bem estar físico e emocional, através da seleção dos alimentos que contenham os nutrientes mais saudáveis e que estejam adequados às necessidades de cada indivíduo para que a rápida perda de peso não leve à desnutrição.
De maneira geral, a principal mudança na alimentação após a cirurgia é uma diminuição importante na quantidade de alimentos consumidos diariamente devido a redução do estômago. Porém, outros cuidados com a alimentação são fundamentais. Pode-se dividir o cuidado com a alimentação em cinco fases após a cirurgia:
1º fase – fase da alimentação líquida: esta fase compreende as duas primeiras semanas após a cirurgia e caracteriza-se com uma fase de adaptação. A alimentação é liquida e constituída de pequenos volumes (em torno de 50 mL por refeição) e tem como principal objetivo o repouso gástrico, a adaptação aos pequenos volumes e a hidratação. Como conseqüência da alimentação liquida, a perda de peso é bastante grande nestas duas semanas, devendo-se introduzir o uso de complementos nutricionais específicos para evitar carências de vitaminas e de minerais. A orientação nutricional deverá ser iniciada pelo médico e nutricionista já no hospital, antes da alta hospitalar.
2º fase – fase da evolução de consistência: de acordo com a tolerância e as necessidades individuais, a alimentação vai evoluindo de liquida para pastosa com a introdução de preparações liquidificadas, cremes e papinhas ralas. A evolução de cada paciente é variável de forma que a escolha de cada alimento deve ser acompanhada cuidadosamente para evitar desconforto digestivo como dor, náuseas e vômitos, esta fase tem um tempo de duração diferente para cada indivíduo porém, em média, dura em torno de 02 semanas.
3º fase – fase da seleção qualitativa e mastigação exaustiva: passado o primeiro mês após a cirurgia, inicia-se uma fase onde a seleção dos alimentos é de fundamental importância pois, considerando que as quantidades ingeridas diariamente continuam muito pequenas, deve-se dar preferência aos alimentos mais nutritivos escolhendo fontes diárias de ferro, cálcio e vitaminas. O paciente deverá receber um treinamento para reconhecer quais são os alimentos mais ricos neste nutrientes de forma a ficar mais independente para escolher as principais fontes de minerais e vitaminas encontradas nas suas refeições diárias. Como a alimentação passa a ser mais consistente deve-se mastigar exaustivamente. A duração desta fase também varia individualmente e dura em média 01 mês.
4º fase – fase da otimização da dieta: nesta fase a alimentação vai evoluindo gradativamente para uma consistência cada vez mais próxima do ideal para uma nutrição satisfatória. Geralmente, esta fase ocorre a partir do 3º mês após a cirurgia quando, quase todos os alimentos começam a ser introduzidos na alimentação diária. O cuidado com a escolha dos alimentos nutritivos deve continuar pois, as quantidades ingeridas diariamente continuam pequenas. Nesta fase o paciente pode ser capaz de selecionar os alimentos que lhe tragam mais conforto, satisfação e qualidade nutricional. Somente não são tolerados alimentos muito fibrosos e consistentes.
5º fase – fase da adaptação final e independência alimentar: esta fase deve acompanhar o paciente a partir do 4º mês e , como nas fases anteriores, também evolui de acordo com as características individuais podendo iniciar-se um pouco antes ou um pouco depois do 4º mês. A partir desta fase, um acompanhamento periódico faz-se necessário somente para o acompanhamento da evolução de peso e levantamento de informações para identificar se existem carências nutricionais como, por exemplo, a anemia. O paciente já tem bastante segurança na escolha dos alimentos e está apto a compreender quais são os alimentos ricos em proteínas, glicídios e lipídios, cálcio, ferro, vitamina A, vitamina C, folatos além de outras propriedades nutricionais.
Deve-se também lembrar que:
-A rápida perda de peso leva a uma aumento transitório dos níveis de ácido úrico na circulação, quando a hidratação não é suficiente poderá haver formação de litíase renal (pedra nos rins). Por este motivo o consumo de líquidos deve ser monitorado para evitar que a urina fique muito concentrada. Sem dúvida. O consumo de líquidos deve ser constante, independente da sede.
- Dentre os alimentos mais fibrosos e de aceitação mais tardia está a carne vermelha. Enquanto ela não for introduzida na alimentação, o nutricionista deverá orientar o paciente sobre outras fontes de ferro presentes na alimentação. O consumo de alimentos ricos em ferro deve ser constante, principalmente se não for possível consumir carne vermelha.
-O consumo de alimentos açucarados deve ser evitado por dois motivos: 1º porque o valor calórico é elevado e 2º, dependendo da técnica cirúrgica, poderá haver Síndrome de dumping.
-A perda de peso é muito intensa principalmente durante as duas primeiras semanas após a cirurgia. O ritmo acelerado de emagrecimento continua a ser observado até o terceiro mês e , a partir de então, passa a ser mais lento. Este é um processo natural de adaptação fisiológica que faz com que o organismo passe a gastar menos energia diariamente para evitar que a perda de peso rápida e permanente leve à desnutrição e aos conseqüentes riscos à saúde como a queda da resistência à infecções, desmineralização óssea, dentre outros. Uma maneira de melhorar a perda de peso nesta fase é a atividade física regular. O exercício faz com que o organismo gaste mais energia, o que ajuda a perder peso, além de trazer uma sensação de bem estar e relaxamento. Entretanto, deve-se procurar orientação médica para a avaliação do momento adequado para iniciar o exercício e também para a escolha do melhor tipo de atividade a ser realizada. Lembre-se nao seria interessante voltar a fazer dieta líquida como nas duas primeiras semanas após a cirugia pois poderá debilitar seriamente o organismo.
-Toda vez que as calorias da dieta são inferiores a 1250 Kcal ao dia é necessário complementar vitaminas e minerais. No caso da cirurgia bariátrica, o valor calórico da alimentação se aproxima de 350 kcal nas primeiras semanas e continua inferior a 1250 kcal no mínimo até o sexto mês após o inicio do tratamento. Principalmente durante este período, a complementação de vitaminas e minerais é indispensável e não se deve preocupar pois vitamiasn e minerais não engordam pois não produzem calorias.
Para finalizar, sabemos que um consumo excessivo de alimentos semelhante ao anterior à cirurgia não ocorre porque o estômago não pode receber quantidade elevadas de alimentos. Entretanto, a alimentação em pequenas quantidades pode ter um valor calórico alto quando é rica em lipídios (gorduras) ou carboidratos e o indivíduo poderá retornar ao ganho de peso. Por isso a educação nutricional é essencial. Procure um nutricionista para que uma avaliação nutricional individualizada seja feita e você tenha uma alimentação equilibrada nutricionalmente o que irá garantir sua qualidade de vida.

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